Uma réplica do livro original com o registro histórico das transações feitas com escravos no período de 1879 a 1887 foi entregue, nesta quinta-feira (28), pela Corregedoria Geral da Justiça para o museu do terreiro Ilê Axè Opô Afonjá. O material reúne notas e escrituras de penhor e alforria de negros escravizados.
Mãe Stella de Oxóssi, ialorixá do terreiro, recebeu o livro das mãos do desembargador José Olegário Monção Caldas, responsável pelo achado.
A presidente eleita do TJBA, desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, a desembargadora Maria de Lourdes Pinho Medauar, juízes, advogados e assessores acompanharam o ato de entrega.
Mãe Stella recebeu o grupo na sala de sua casa. Bem à vontade, falou da gratidão com o presente, que será exposto no Museu Ilê Ohun Lailai Casa das Coisas Antigas, que fica no terreiro, primeiro museu do candomblé da Bahia.
O espaço está em processo de recuperação e ampliação para uma área dentro da mata, com manutenção de todas as árvores na sua estrutura, conforme projeto em desenvolvimento pelos arquitetos Gringo Cardia, que estava presente ao encontro, e Sidney Quintela.
O momento foi de descontração, com explicações sobre o candomblé, leitura de provérbios e ensinamentos publicados de autoria de mãe Stella do Oxóssi. Ao final do encontro, a equipe fez uma visita para conhecer o terreiro.
“É um livro verdadeiro, histórico, com histórias muito fortes. O corregedor teve muita sensibilidade em preservá-lo”, afirmou a desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago.
Origem
O livro original foi encontrado pelo desembargador Olegário Monção Caldas, na Comarca de Juazeiro, durante visitas de inspeção a todos os cartórios de registro públicos da Bahia, realizadas no ano passado.
“Diante de tantos livros que encontramos, esse foi o mais antigo e o que estava mais inteiro. A senhora, mãe Stella, agora é a guardiã dele”, disse o corregedor, ao passar a relíquia às mãos da líder religiosa.
Além de apresentar o livro original, o corregedor entregou uma réplica do material, três quadros com a tradução específica de três das cartas do livro, um DVD com a digitalização do acervo, uma placa simbólica do ato e um pedestal para abrigar e proteger o documento.
“Agradeço a todos. Xangô vai nos ajudar a levar a casa para frente. Somos uma turma de boa vontade, de trabalho” afirmou mãe Stella, referindo-se ao orixá da justiça.
Estiveram presentes as juízas corregedoras Márcia Mascarenhas, Ângela Bacellar e Maria do Socorro Habib, o juiz Edson Baiense, os advogados Antônio Luiz Calmon Teixeira e Roberta Calmon, e o delegatário do cartório de imóveis de Salvador e presidente do Instituto de Protestos da Bahia, Éden Márcio Lima de Almeida.
Texto e Fotos: Ascom TJBA