A resistência das práticas religiosas de matriz africana ganhou força com o lançamento do livro do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto, ‘A proteção legal dos terreiros de candomblé’.
A publicação, lançada na noite desta quinta-feira (17) destaca a importância de casas de culto religioso de origem africana. O objetivo, além de preservar a memória, é defender a manutenção, o respeito e o reconhecimento dos terreiros de candomblé.
A presidente Maria do Socorro Barreto Santiago, esteve presente, junto aos colegas desembargadores, no lançamento do livro do presidente da Comissão Temporária de Igualdade, Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos Humanos do tribunal.
Também marcaram presença o cantor Lazzo, lideranças e ativistas do Movimento Negro e representantes das casas de força (ilê axé, em iorubá), os terreiros, a maioria surgidos das lutas contra a escravidão, e que hoje enfrentam os efeitos de crescente intolerância.
A admiração pelo trabalho do desembargador Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto, no período em que integrou o Ministério Público, explica a presença de dezenas de colegas na formação da fila para obter o autógrafo do autor.
DIÁSPORA – Depois de quatro anos de pesquisa, o desembargador encontrou dados que chamam a atenção pela desigualdade de tratamento dos terreiros em relação às práticas religiosas impostas pelos colonizadores portugueses e suas dissidências evangélicas.
Entre estes dados, um dos mais relevantes é o número de tombamentos: apenas dois terreiros, a Casa Branca, em 1984, e o Ilê Axé Opô Afonjá, em 1999, estão tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O livro do desembargador Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto traz ainda a história de luta dos afrodescendentes, conduzida pela trajetória e história de vida de intelectuais negros, como Manuel Querino, Miguel Santana e Edson Carneiro, entre outros.
O candomblé como prática religiosa chegou a Bahia na diáspora dos negros, como é chamada a era da escravidão de pessoas, a maioria trazidas de regiões onde hoje ficam os países Benin e Nigéria, na África.
Ainda hoje, o culto enfrenta a resistência de segmentos da sociedade que apresentam uma maior dificuldade para conviver com as diferenças. O livro tem esta contribuição de tentar ampliar a compreensão entre as pessoas e evitar intolerância.
Texto: Ascom TJBA